segunda-feira, 15 de junho de 2009

Aprendizagem na idade adulta, o meu percurso formativo

“…Pedras no caminho?
Guardo todas, um dia vou construir
Um castelo…”
Fernando Pessoa
Estes versos de Fernando Pessoa, levam-me a uma reflexão sobre o meu percurso formativo, simbolizando as pedras todas as dificuldades, os obstáculos que se vão colocando e que importa ultrapassar.
Nesta caminhada, tenho enfrentado dificuldades, momentos de desânimo, encarando-os por vezes com mão amiga, é preciso não desanimar e nunca abandonar o objectivo traçado. “… a fase adulta não é demasiado tardia para a aprendizagem e a ideia de estagnação do conhecimento é ilógica e infundada”.
Respondendo a um dos objectivos das políticas educativas nacionais “ a promoção da igualdade de oportunidades no acesso a este grau de ensino/superior e através da possibilidade de concorrer aos maiores de 23 anos e o desejo de adquirir outro nível de qualificação, leva-me a procurar passo a passo construir o meu castelo de vida, o meu Plano de Desenvolvimento Pessoal.
Tem sido um processo de desenvolvimento na capacidade de análise, criatividade, autonomia, relação humana e planificação no âmbito profissional.
Nesta tarefa nem sempre facilitada, as actividades e discussões em fóruns permitiram a partilha de conhecimentos, reforçando a auto-estima do grupo e motivação que se conseguiu através de: relacionamento social - novos amigos, desenvolvimento pessoal, interesse cognitivo - para aprender, ter novos conhecimentos e satisfazer uma mente inquiridora.
Este tipo de metodologia de ensino tem-me obrigado a grandes desafios, nomeadamente de leitura e escrita, uma autodisciplina e organização.
A ideia de estagnação é um conceito que não faz parte dos meus objectivos, procurando nesta etapa da minha vida, concretizar um sonho de jovem, que ficou adormecido por algum tempo.

Imagem Social mais generalizada face à velhice/ conceito de Sabedoria

De um modo geral a imagem da velhice é mais negativa que positiva. Há consciência de que há um forte preconceito social contra a pessoa idosa. [… a velhice é perspectivada como uma categoria não produtiva, remetendo os velhos para uma posição socialmente marginalizada, legitimando uma imagem de dependência face à sociedade envolvente].[1]
Envelhecer costumava estar associado a alterações da aparência e das capacidades físicas e não à idade cronológica, que era geralmente desconhecida. Hoje em dia, a velhice tem uma mais definição legal, no sentido em que se refere à idade em que a maioria das pessoas se reforma e tem direito a certos tipos de benefícios sociais, como as pensões.
A velhice é um conceito que na sociedade moderna do início do séc. XXI se configura, no discurso dominante, como um problema social; surge o isolamento institucional com a criação de espaços específicos para os mesmos, como sejam os asilos, agora lares “…tratam aqueles que são velhos como uma categoria homogénea, um grupo humano distinto, para o qual são criados programas e espaços separados da humanidade”.
O envelhecimento é um fenómeno natural, universal e inevitável, caracterizado por um conjunto complexo de factores não só fisiológicos mas também psicológicos e sociais. Ninguém envelhece da mesma maneira e as alterações causadas pelo envelhecimento desenvolvem-se a um ritmo diferente para cada pessoa e dependem de factores externos e internos.
São vistos como um grupo carregado de défices e incapacidades e cujas aptidões físicas, cognitivas e emocionais vão diminuindo.
Os idosos, que hoje constituem uma grande parte da população dos países industrializados, começaram a exercer pressão para que os seus interesses e necessidades específicos sejam objecto de maior reconhecimento. A luta contra a discriminação etária é uma característica importante deste desenvolvimento.

Em muitas culturas e civilizações, principalmente as orientais, o velho é visto com respeito e veneração, representando uma fonte de experiência, do valioso saber acumulado ao longo dos anos.
Os aspectos positivos de ser idoso estão relacionados com a experiência de vida e a sabedoria.
Os idosos têm muito para ensinar, mas actualmente e face às reformas antecipadas e a sua longevidade prolongada, têm mais tempo disponível e capacidades intelectuais e físicas para aprender. As sociedades estão modificadas e aprender é uma forma de se manterem actualizados. As Universidades da Terceira Idade são verdadeiros estímulos para os idosos no adquirir de conhecimentos no âmbito das novas tecnologias, valorizando também a sabedoria de uma vida inteira.
“ A Sabedoria é uma competência necessária para que o adulto seja capaz de: resolver dilemas e planificar a sua vida; aconselhar os outros; gerir e orientar questões de natureza social; reflectir e rever a própria vida; e colocar questões sobre o sentido da vida em geral (Kramer, 1990)].
Para Kramer (1990) existem processos cognitivos e afectivos que facilitam o desenvolvimento da sabedoria.
A sabedoria, é o reflexo da vivência, na prática, quer pela experimentação, quer pela observação, da utilização de conhecimentos previamente adquiridos.
[1] Haim Hazam (1994)

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Um ditado sobre o desenvolvimento do ser humano

O desenvolvimento humano é muito rico e diversificado. Cada pessoa tem as suas próprias características, que as distinguem das outras pessoas, e o seu próprio ritmo de desenvolvimento.
“ Aprender até morrer”, é um ditado do povo, sabedoria popular que nos deve orgulhar a todos e para o qual devemos encontrar resposta.
A Aprendizagem não se faz apenas para tirar cursos. O correcto é aprender até morrer.
Aprender sempre é a grande viagem que o Homem tem que fazer. É uma atitude perante a vida.
Todos nós precisamos sempre de adquirir novos conhecimentos. Seja qual for a nossa ocupação, sejamos jovens ou entrados nos anos, vivamos numa grande cidade ou num meio pequeno, é-nos sempre necessário assimilar e compreender novas técnicas, novos dados, novas informações.
Em qualquer actividade, o ser humano tem de se manter sempre apto para estudar e conservar-se eficiente.
Assim afirmou também o Dr.L. Hubbad: “ As pessoas que triunfam na vida nunca deixam realmente de estudar e aprender”.
As palavras estudar e aprender, levam-nos sem dúvida a pensar no meio pelo qual o ser humano adquire novos conhecimentos, não se esgotando a aprendizagem nas escolas ou nos cursos. Ela também se consegue pela experiência, pelos media e outros meios ao seu alcance.
A persistência em trabalhar diversos aspectos da vida conduz a novas formas de entendimento e de evolução e desenvolvimento humano.
Aprendemos com os nossos erros, com as nossas derrotas e vitórias, com o que fazemos e deixamos de fazer e com as consequências dos nossos actos.
É através do conhecimento que o ser humano evolui. A nossa vida é uma aula contínua, para a qual devemos estar atentos, se quisermos aprender.
Podemos hoje assistir ao regresso à escola de pessoas com alguma idade menos jovem, mas que transportam com elas o desejo de permanecer intelectualmente activos, actualizados, capazes de interpretar criticamente o mundo em que vivem.
No dia-a-dia de cada um fazem-se aprendizagens e adquirem-se saberes que complementarizam os da escola.
A aprendizagem é permanente busca.
Mesmo quem deixou os bancos da escola continua a ter necessidade de aprender para dar resposta às exigências do dia-a-dia.
Neste campo, temos cada vez mais presente a adesão e procura dos mais idosos às inovações da informação e da comunicação, para valorização própria e até mesmo para fazer frente a incapacidades que os levam a manter-se em contacto com o exterior. A aprendizagem é permanente.
“ Aprender até morrer”: qualquer pessoa tem de conservar a sua capacidade de estudar e aprender se quiser manter-se eficientemente vivo.
A Aprendizagem faz-se ao longo da vida, tal como o desenvolvimento humano, não apresenta saltos radicais, a evolução é gradual e contínua.

Um post em que relacione a psicologia do desenvolvimento com a educação ao longo da vida.

A Psicologia do Desenvolvimento é a ciência que tem como objectivo estudar a génese e a evolução dos processos psicológicos ao longo do tempo. Foca sobretudo os seus interesses na área do crescimento humano.
Procura-se estudar e compreender os processos de desenvolvimento do nosso comportamento ao longo da vida, da fecundação até à morte.
As causas do desenvolvimento humano são múltiplas e complexas, sendo entendido pela grande maioria dos psicólogos, como o resultado da interacção entre a hereditariedade, o meio e o factor tempo.
A origem das características dos seres humanos, do que os leva a ser e comportar-se de determinada forma, leva investigadores e pensadores a procurar respostas a estas questões.
Cada um de nós está assim em permanente reconstrução. Á medida que vivemos, que crescemos, que nos relacionamos com os outros, vamo-nos transformando e vamo-nos tornado quem somos, encontrando as nossas formas de pensar, de sentir e de agir.
Ao longo do tempo as pessoas mudam, os seus corpos mudam, muda a sua forma de ser e de estar. A mudança faz parte de nós próprios.
[…a principal característica dos seres humanos é a plasticidade que os acompanha ao longo da vida e que de modo algum termina com a adolescência. Tudo quanto sabemos acerca da plasticidade biológica, de modo como os seres humanos interagem uns com os outros, como reorganizam as suas vidas, as suas concepções do mundo, a sua própria identidade reforçam a ideia de que a mudança nos acompanha ao longo da vida.] [1]
Quando se fala em Educação ao Longo da Vida, devemos ampliar o nosso conceito para uma realidade que envolve o ser humano como um todo, não se restringindo apenas aos conhecimentos e formação adquiridos numa escola.
Educação deve ser entendida como um processo, algo que tem início e nunca termina, e que envolve o ser humano como um todo: físico, intelectual, emotivo, psicológico, social, religioso, etc.
Extrapolando os limites da escola, que é um período determinado para a maioria das pessoas, a educação ao longo da vida vai muito além no aspecto temporal e de competência.
Quando saímos da escola precisamos continuar o nosso processo educativo, a realidade muda, nós mudamos.
Hoje, os meios de comunicação, como a Internet, colocam-nos em contacto imediato com o mundo todo, com culturas radicalmente diferentes das nossas, com factos no exacto momento em que estão a acontecer.
Isso nos impõe uma adaptação à realidade, o que exige um aprender permanente.
A convivência contínua com os outros leva-nos a avaliarmos a nossa educação ao longo da vida. Todos precisamos estar actualizados para acompanhar o desenvolvimento da sociedade, as mudanças de paradigmas, as transformações culturais.
E aprendemos diferentemente em cada idade. E aprendemos coisas diferentes em cada período. O nosso corpo tem formas diferentes de se adaptar ao longo do crescimento. Tem diferentes necessidades dependendo da idade. Ao nascer “luta” por se afirmar, depois aprende a ajustar-se, luta para se perpetuar e por fim “luta” para se preservar, luta contra o seu fim como indivíduo.
Um processo complexo, dinâmico, interactivo. Único em cada indivíduo mas que passa por fases semelhantes em toda a espécie.


[1] Psicologia do Desenvolvimento/Universidade Aberta/Adaptado de M. Monteiro e P. ferreira, Ser Humano, 2ª Parte, 2006

5 perguntas que considere pertinentes sobre o desenvolvimento do ser humano.

1.1 Crescer dói? Porquê?
1.2 Começamos a morrer quando desistimos?
1.3 Crescer é estar conforme os demais ou ser mais eu sem que os outros tenham de deixar quem são?
1.4 Porque é que consigo aceitar tudo em mim e pouco nos outros?
1.5 Preciso de saber mais para crescer ou preciso de saber fazer mais com o pouco que já tenho?